segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Dicas de Pontuação

ERRADO: “Avança Brasil.”
CERTO: “Avança, Brasil.”
Não devemos separar com vírgula o sujeito do seu predicado. No caso, o Brasil não é o sujeito do verbo avançar. Não se trata de uma frase afirmativa. O verbo está no imperativo. O Brasil é vocativo. Deve, por isso, ficar separado pela vírgula.
Observe a diferença que existe devido ao uso ou não da vírgula: 1ª) “Meu filho vem jantar em casa”; 2ª) “Meu filho, vem jantar em casa”. Na primeira frase, temos uma afirmação. “Meu filho” é o sujeito e o verbo (=vem) está no presente do indicativo. Na segunda, temos um chamamento. “Meu filho” é o vocativo e o verbo está no imperativo.

ERRADO: “O ex-técnico da seleção brasileira, Telê Santana, afirmou…”
CERTO: “O ex-técnico da seleção brasileira Telê Santana afirmou…”
Só devemos usar as vírgulas quando se trata de aposto explicativo. No caso “Telê Santana” não deve ser separado por vírgulas, porque é um aposto especificativo. Para distinguirmos o aposto explicativo do especificativo, podemos usar a seguinte “dica”: se for cargo não exclusivo (=ex-técnico da seleção brasileira existem muitos), é aposto especificativo (=sem vírgulas); se for cargo exclusivo, é aposto explicativo (com vírgulas). Observe a diferença: “O atual técnico da seleção brasileira, Dunga, afirmou…” (O atual técnico da seleção brasileira é só um, é cargo exclusivo). Vejamos outro exemplo: “O presidente Luís Inácio Lula da Silva afirmou…” (= existem outros presidentes); “O presidente do Brasil, Luís Inácio Lula da Silva, afirmou…” (= presidente do Brasil é cargo exclusivo).
Na frase “O vice-presidente da Escola de Samba Tamos aqui, Zezé Pezinho, afirmou…”, surge uma dúvida: Zezé Pezinho é o único vice-presidente (= haveria vírgulas) ou a grande escola Tamos aqui tem dois ou mais vice-presidentes (= não haveria vírgulas). Em caso de dúvida, a melhor saída é inverter a posição dos termos da oração. Se escrevermos “Zezé Pezinho, vice-presidente da Escola de Samba Tamos aqui, afirmou…”, as vírgulas são obrigatórias. Sempre que o nome próprio vier antes, o título será um aposto explicativo e deverá ficar entre vírgulas.

ERRADO: “O homem que é um ser mortal deve respeitar a natureza.”
CERTO: “O homem, que é um ser mortal, deve respeitar a natureza.”
A oração grifada deve ficar entre vírgulas porque é subordinada adjetiva explicativa. Se fosse uma oração subordinada adjetiva restritiva não usaríamos as vírgulas: “O homem que trabalha vence na vida.” A diferença é que todo homem é um ser mortal (explicativa = com vírgula) e que nem todo homem trabalha (só o que trabalha vence na vida – restritiva = sem vírgula).
Em “O homem, que vinha a cavalo, caiu”, o uso das vírgulas (= oração subordinada adjetiva explicativa) informa que o homem caiu e explica que ele vinha a cavalo e sozinho (=não havia outros homens). Em “O homem que vinha a cavalo caiu”, a ausência das vírgulas (=oração subordinada adjetiva restritiva) altera o sentido da frase. Significa que havia outros homens e que aquele que vinha a cavalo caiu. Os outros provavelmente usavam outros meios de locomoção: de moto, de bicicleta, a pé, sobre jumentos, camelos… E não caíram.

ERRADO: Segura peão.
CERTO: Segura, peão.
A ausência da vírgula pode causar um incidente. Em vez de o peão segurar o touro, algum segurança desavisado pode querer ficar agarrado ao peão. Seria constrangedor! Sem a vírgula, o peão é o objeto do verbo segurar, ou seja, aquilo que deve ser segurado. É como se alguém mandasse segurar o peão. É o caso de “segura o touro”. Aqui temos a ordem correta para segurar o animal. Com a vírgula (“segura, peão”), peão passa a ser o vocativo, ou seja, agora é o peão que está recebendo a ordem de segurar… provavelmente o touro.
Se alguém gritar “pega ladrão”, não sobra um, meu irmão. Essa todos conhecem. É para pegar o ladrão, que é o objeto do verbo pegar. Perigo maior haveria se você gritasse “pega, ladrão”. Aí o ladrão vira vocativo e passa a ter o direito de pegar tudo que quiser.

ERRADO: “O diretor afirmou: não pensar em demissões.”
CERTO: “O diretor afirmou não pensar em demissões.”
O diretor pode não estar pensando em demissões, mas deveria pensar em dispensar os dois-pontos. Só precisaríamos dos dois-pontos se fosse discurso direto, ou seja, a transcrição da fala do diretor. Nesse caso haveria mudança no tempo do verbo: O diretor afirmou: “Não penso em demissões”.
Na frase O governador observou que: “as escolas merecem mais atenção”, temos uma grande salada. Ou usamos a conjunção “que” ou usamos os dois-pontos: O governador observou que as escolas merecem mais atenção ou O governador observou: “As escolas merecem mais atenção”. É interessante notar a sutil mudança de sentido do verbo observar.

Fonte: G1 (Professor Sergio Nogueira)

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